A lenda da Serpente
A origem da lenda da serpente sob a cidade é incerta e carece dados mais concretos. Lendas, contos populares, são transmitidos de geração a geração e progressivamente são acrescidos de detalhes curiosos conforme a época, seus costumes e pensamentos. A origem da lenda teria sido baseada numa verão indígena que explicava o "inexplicável", através de símbolos e fantasias. Na realidade, seriam fenômenos físicos perfeitamente compreensíveis à luz da ciência e suas leis naturais.
Itapeva possuiria um subsolo pouco consistente e em processo natural de mutação, com camadas irregulares de rochas intercalados por zonas de areia, vazios e lençóis de àgua que mudam de curso, se imterrompem, e se desgastam, ampliando áreas, provocando naturalmente, através dos tempos, pequenas depressões ou elevações na superfície.
No Universo simbólico de pessoas puras, dotadas de cultura própria como a dos índios, tais fenômenos teriam sido revestido de uma outra interpretação mais arquetípica, mitológica e fantástica, exatamente como se verifica em relação às tempestades, inundações, secas e elementos como o sol e a lua.
Segundo a versão indígena, existiria uma grande serpente no subsolo de sua aldeia (local da cidade de Itapeva) que se moveria de tempos em tempos ou a cada transgressão de algum elemento da tribo. Assim como o trovão, interpretado como revolta colérica dos deuses, o movimento da serpente também funcionaria como "castigo", se agitando sob o chão da tribo para assustar e ameaçar os que transgredissem as leis da comunidade.
Outra Versão
Uma outra versão mais obscura e imcompleta baseia-se num hipotético acontecimento dos primeiros anos da cidade. Toda a sociedade em formação possui normas e regras de comportamento social, deveres e obrigações em função da comunidade. Nós, que vivemos nos fins do século XX, numa sociedade mais permissiva não imaginamos o rígido padrão de comportamento e convívio social dominante no século XVII ou XVIII, com suas leis silenciosas, verdadeira inquisição ao menor deslize às normas estabelecidas.
Assim foi em relação a um fato ocorrido numa hipotética época em que se tornou público o relacionamento amoroso entre um padre (vigário) e a filha de um cronel. A intresigência e intolerância vigente entre os representantes da sociedade não suportaram tamanha afronta à moral e aos bons costumes, sem se falar no sacrilégio que isso representava para os religiosos e a sua igreja. A amante passou o resto de sua vida enclausurada numa fazenda distante, vindo a falecer anos mais tarde num asilo da cidade e o vigário excomungado e expulso de sua paróquia.
A relação que existe entre a trágica estória de amor e a lenda da serpente teria sido um veemente pronunciamento do vigário em seu último dia na cidade. Das escadarias da Igreja, diante de um público assustado, ele teria dito em altos brados que a maldade e a intolerância, contida no subterrâneo da alma das pessoas poderia destruir tudo o que de bom elas teriam construído. Que todos evitassem a má palavra, a má interpretação, ou o mau pensamento, pois isso seria como o despertar de uma grande serpente, símbolo do mal mair que, incustrado no subsolo (coração) da cidade, um dia viria tomar espaço na superfície, destruindo tudo para que houvesse um novo começo.
Tudo o que foi escrito é mera especulação, não possuindo bases concretas ou fundamento histórico e foi baseado em histórias fragmentadas, coletadas em conversas com pessoas antigas da cidade. Vale observar que antigamente, sem os meios de comunicacão de massa, como o rádio e a tevelisão, as pessoas conversavam mais, a imaginação tinha um trânsito mais livre e as histórias corriam, se enriquecendo de detalhes. Mas existe algo concreto que resta na ligação do imaginário popular e a realidade que é a eterna luta do bem e do mal que, afina, rege todo o comportamente humano.
A lenda da serpente sob a cidade seria uma metáfora desse eterno confronto.
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